Créu e pimenta no futebol carioca

Bruno ParodiEsportesLeave a Comment

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Polêmica no futebol cariocaJá fazia um bom tempo que o futebol carioca não andava tão apimentado. Arrisco a dizer, até, que no cenário brasileiro isso já não acontecia tão fortemente. E o início dessa história vem com o fortalecimento principalmente de Flamengo e Fluminense para a Libertadores, que já deu uma bela promovida na perspectiva de um Carioca forte para 2008. Botafogo refez o time buscando jogadores dispostos e obedientes. Já o Vasco, talvez por questões financeiras, assistiu os rivais se mexendo e resolveu dar um tiro ou outro, trazendo Edmundo, Beto & cia para formação do elenco.

O primeiro clássico do ano já sinalizava o que viria pela frente. Em jogo com lances polêmicos e acalorados, o Bota bateu o Vasco por 3 a 2, no dia 2 de fevereiro. O bate-boca rendeu a semana toda e só foi sossegar com segundo clássico da competição, o Fla-Flu do dia 10 do mesmo mês. Com os dois times já classificados paras as semifinais, os adversários entraram sem suas principais estrelas, à exceção de Thiago Neves pelo lado tricolor, que acabou sendo o nome da partida, marcando 3 gols, no 4 a 1 sobre o rubro-negro.

A imprensa dividiu as manchetes entre a bola que o meia bateu com a tal dança do créu. O que ninguém comentou foi o fato de que a coreografia do meia não tinha nada de funk, e sim algo que se assemelha mais ao axé, ou seja lá o que for. Verdade seja dita, a idéia do créu começou nas arquibancadas, com uma iniciativa espontânea da torcida pó-de-arroz ai final da disputa. No entanto, quem levou os (maus) créditos foi Thiago — que, vale dizer, também não tem nada de santo.

Na semana seguinte o clima não melhorou. Os jogadores do Fla repercutiam negativamente a dança e os do Bota já garantiam que com eles não teriam nada daquilo. Não deu outra: com a vitória do Glorioso sobre o Tricolor por 2 a 0 e mais créu por parte dos jogadores e da torcida botafoguense. Washington, atacante do Flu, não entendeu o por quê dos botafoguenses terem tomado as dores do clube da Gávea.

Os mais recentes episódios tem a data do último domingo, dia 24 de fevereiro. Em mais um jogo polêmico, o Flamengo faturou o título da Taça Guanabara com belo gol de Tardelli na virada por 2 a 1 em cima do Fogão. O jogo foi marcado por uma bela disputa entre as equipes, por lances polêmicos do árbitro Marcelo de Lima Henrique (que anda recebendo ligações de botafoguenses), 3 expulsões e um gol de virada plasticamente memorável já nos descontos. Após o jogo, renúncia do presidente alvi-negro, desabafo emocionado por parte dos atletas, acusações e mais pano para manga.

Como se não bastasse, em jogo pela Libertadores na quarta após o clássico, Souza marca para o Fla e comemora debochando do choro dos rivais. Só que dessa vez com repercussão em todos os outros clubes: Thiago Neves (“Quero ver o que vão falar agora…”), Tulio (“Souza deveria jogar pelada”) e até Eurico Miranda (“Quem é Souza?”).

As provas são irrefutáveis: o que devia ficar no campo descambou para o bate-boca. Se por um lado esse movimento pode promover ainda mais o campeonato, por outro é um pulo para acirrar ainda mais a rivalidade entre as torcidas — que já não anda pouca. Agora é aguardar os próximos capítulos que pintarão nesse segundo turno, a Taça Rio, e torcer para que as torcidas levem tudo isso como deveria ser: na esportiva.


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