Segunda passada teria sido um dia normal se eu não estivesse distraído lendo meu BlackBerry (e, neste caso, também estaria se fosse um iPhone ou similar) enquanto dirigia. A distração rendeu uma bela pancada na traseira de uma caminhonete. Por sorte, apenas um arranhão ficou de presente no carro do sujeito e minha placa ficou deveras retorcida, à la biscoito da sorte chinês, além do capô, que ficou mais levantado do que deveria.
Depois fiquei pensando e cheguei a conclusão de que o que houve ficou barato para mim, e que aquilo já poderia ter acontecido há um bom tempo, pois eu já tinha escapado de um bocado de situações parecidas. Mas, como Deus é meu firewall e nada me faltará, aprendi uma lição, e no dia seguinte chequei o BlackBerry apenas uma única vez no trajeto casa-trabalho.
Pode parecer banal, mas é inevitável que num futuro próximo precisemos dirigir e acessar a web, ler e-mail, conversar num IM etc com uma frequência e necessida bem maiores. Não tem jeito, já que é algo que já está sendo embutido no dia-a-dia das pessoas — ao menos, por enquanto, no de quem trabalha com isso. Foi então que surgiu a pergunta que pauta este post: como, diabos, iremos fazer para dirigir e estar conectados simultaneamente?
Antes que eu receba uma saraivada de críticas do tipo “ah, mas o MIT já bolou isso/mas a Volks já tem um carro com aquilo”, vou me ater a apenas divagar sobre o tema, sem entrar nas questões de produto ou tecnologia específica para equacionar o problema, ok? (Mas, claro, amigão/amigona, sinta-se convidado a colocar nos comentários qualquer novidade a respeito)
Indo pelo raciocínio lógico da função de um headset, que atualmente é usado para falar e ouvir, seria cabível um super headset, capaz de fazer seu usuário enxergar o conteúdo de seu gadget e, o que é mais complicado, conseguir interagir com ele. Infelizmente, até onde pude acompanhar, softwares de leitura de textos em voz não costumavam oferecer resultados satisfatórios. Mas seriam, no mínimo, uma boa opção — caso fossem realmente bons — para quem quer ao menos consumir uma informação de um e-mail, de uma página ou de um feed de modo sonoro e, quem sabe, subir dados para a internet também a partir de suas cordas vocais. Uma forma bem natural de proporcionar tais suposições é espetando o bendito gadget no próprio sistema de som do carro, o que já tem sido amplamente utilizado e desbravado pelas necessidades criadas pelo iPod.
Partindo para o lado da ficção científica quase delirante, é possível imaginar algo no melhor estilo Minority Report, filme estrelado pelo Tom Cruise. Ou seja, uma interface holográfica projetada no painel ou no vidro do carro, que permita interação manual com ela. Mas, ainda que seja super criativa, ela esbarra na razão principal desse post: a segurança, afinal, como seria possível dirigir e usá-la sem correr perigo?
Ainda nesta linha, naturalmente, é de se esperar automóveis que já venham de fábrica com toda essa parafernália integrada, deixando tudo mais conveniente — e, claro, seguro. O espaço está aberto para críticas, discussões, indicações de soluções que já estão pintando por aí, ressaltando que esta é muito mais uma questão filosófica do que propriamente prática.
Enquanto isso, lá vou eu me arriscando com meu BlackBerry entre algumas paradas (bruscas) no trânsito…
OBS: não sou eu na foto, felizmente.
6 Comments on “Se dirigir, não se conecte”
sugiro usar o acostamento. desde 1773 evitando acidentes.
Existe o HUD, usado nos avioes de combate e sei la mais no que.
Mas para equipar um carro com um equipamento desses, seria um gasto animal, provavelmente fazendo os carros ai no brasil ainda mais caros do que eles ja sao…
Fora que seria ridiculo um sujeito dirigindo um carro com um HUD para checar email, IM, etc.
Mais facil contratar um motorista e sentar no banco de tras com os aparelhos que voce quiser usar durante a viagem…
Excelentes os anúncios que o AdSense anda entregando neste post:
Peças Audi , BMW, Civic
Capo, Paralama, Parachoque, Farol Retrovisor, Altezza, Peugeot
Tá certo…
E que tal “enquanto a gente come, a gente come, e enquanto a gente dorme, a gente dorme”?
Outro dia saiu no Fantástico, uma entrevista com um cientista inglês, que falava sobre a interação de sentidos humanos x softwares. Houve enfoque grande em coisas como, baixar programas para a mente humana, de acordo com a necessidade do sujeito; comunicação entre seres humanos, situados em diferentes continentes…
Ontem mesmo, saiu uma matéria no G1, abordando um suposto “colar telepático”. O ‘brinquedinho’ converte pensamento em voz…
(http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL361456-6174,00.html)
Acho que o ponto mais importante não é a tecnologia em si, mas sim a capacidade humana de adaptação. A cada dia surgem novas tecs, mais versáteis, com grau de interação cada vez mais significativas.
Nessa hora lembro-me do meu pai, de 75 anos, que sequer sabe ligar um celular…
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